Coisas do Canadá

2 de fevereiro de 2010, terça-feira

Dia 5/30

Das aulas de comunicação saíram os melhores amigos dessa jornada em Vancouver, pessoas que mantenho contato até hoje e tenho um carinho todo especial. Nelas as nacionalidades eram mais misturadas, como Suíços, Japoneses, Coreanos, Brasileiros (maioria), Tailandeses e Franceses (nem todos no plural).

A professora era uma canadense de origem Indonésia doida de pedra, simpática que às vezes até cansava, de tanto que ela falava. Até hoje nos falamos pelo Facebook, é uma figura no melhor dos sentidos. Inesquecível. Sempre que a chamávamos de “teacher” ela respondia, “student“, numa clara referência de que bastava a chamarmos pelo nome, Alicia. Ela não desperdiçava nada que falávamos, prestava atenção em tudo, corrigia sempre, e quando percebia algum erro recorrente, já no outro dia trazia alguma coisa pra melhorar a turma. Usava filmes, músicas, seriados, jogos, jornais, passeios, entrevistas, uma infinidade de coisas pra deixar a aula mais atrativa e animada, afinal eram praticamente 3h seguidas de aula, com uma paradinha de 15 minutos pro chocolate quente ou café fumegante. E ela sempre conseguia manter nosso astral lá em cima.

Explorando as imediações da escola.

Explorando as imediações da escola.

Alicia amava as Olimpíadas. Quer dizer ela era LOUCA pelas Olimpíadas. Sinceramente eu não me lembro de um dia ela ter esquecido de colocar algum motivo canadense nas roupas, desde um boton até a roupa toda, tipo camiseta, luva, touca, bolsa… a louca! E pirava quando algum aluno aparecia com qualquer coisa canadense. Era doida pelas guloseimas do do Tim Hortons, e sempre chegava com seu cafezinho fumegante. Aliás, nos viciou. Lembro até hoje quando subi pra aula com meu chocolate quente de lá pela primeira vez, ela deu pulos de alegria, uma verdadeira patriota e seus seguidores. Eu amava quando ela fazia algum jogo e o prêmio eram donuts de lá, um mais gostoso que o outro. Se um dia visitar o Canadá vá ao Tim Hortons e peça logo a maior caixa que vem com vários sabores de Timbits (donuts pequetitos que você come numa bocada).

O bacana de fazer intercâmbio é que as escolas preparam uma infra-estrutura muito boa para os alunos, programações fora dos horários de aula, como passear por museus, fábricas, patinar no gelo, viajar, enfim conhecer todos os pontos turísticos conhecidos e não tão conhecidos assim da cidade.

Já no primeiro dia te entregam uma apostila cheia de informações sobre a cidade, costumes, mapas das redondezas e a programação de passeios. Fora as aulas extras gratuitas que oferecem todos os dias pra fazer o pessoal praticar o inglês. Eu quase não fazia essas aulas extras, porque escolhi um programa integral de estudos. Chegava na escola às 8 ou 9 e ficava até as 4 da tarde. Bem puxado! Aí das 4 em diante eu gostava de explorar a cidade. Fiz isso quase todos os dias, exceto neste 2 de fevereiro que fui pela escola conhecer as dependências da UBC (University of British Columbia) e o MOA (Museum of Anthropology).

A diversão já começa na ida. Com o guia falando mais que a boca, rápido igual uma metralhadora, tirando sarro de todo mundo e todo mundo boiando! Ele quis fazer uma parada no Tim Hortons pra comprar guloseimas e todo mundo com vergonha de escolher algo. Ele comprou uma caixa gigante dos Timbits e dividiu com todo mundo. Super fofo. Ah e era canadense galego mesmo. Uma coisa engraçada que lembro dele ter falado: “o que vocês estão fazendo aqui nessa época do ano?!?!? Vocês são loucos!!!” E eu tipo nem aí. Não vou deixar de aproveitar este mês só por causa do frio, portanto eu queria rua. Minha meta era estudar e sair na rua. Todos os dias!

Céu da UBC

Céu da UBC

Fiquei encantada com a UBC, linda a universidade e bem grande, foi uma passada rápida, porque já estava anoitecendo (por volta das 5 da tarde já é bem escuro). Ele falou algo sobre a beleza de um tal jardim que fica maravilhoso na primavera, mas naquela época estava peladinho. Seguimos então pro MOA.

Nesse dia não tinha nenhum brasileiro no grupo e foi bem bacana pra eu me soltar e fazer novas amizades. Me saí bem com os outros estudantes, afinal a maioria ali estava no mesmo barco, inglês ruim, longe de casa e um mundo a ser desvendado. Acabei ficando bem próxima de um casal de amigos Tailandeses, a menina era um doce e super simpática e seu nome Inglês era “Sugar”, achei bem apropriado. Outro dia eu conto pra vocês essa história dos asiáticos terem também um nome Inglês.

No MOA eu achei bem bonita a história canadense, dos aborígenes (conhecidos como First Nations People), de como o país foi sendo povoado, explicações sobre símbolos como o Inukshuk, sua cultura, artes e tudo mais. O bacana é que o museu é da UBC, então os estudantes de artes e antropologia por ex. têm à sua disposição um acervo riquíssimo.

MOA

MOA

No museu eu senti que o entendimento do inglês pesou bastante para os detalhes do que era falado, mas os guias também tomam o cuidado de explicar as coisas devagar. Pelo contexto e por diversas coisas escritas eu fui entendendo. O ponto alto do museu são as esculturas, uma mais linda e maior que a outra. Além disso, por ali eu tive o primeiro contato com a cultura dos totens canadenses, lindíssimos, enormes, me faziam lembrar do Le, não que ele seja enorme, mas por ser louco por totens! Pra quem é louco por boas histórias, cultura e artes, é um passeio obrigatório em Vancouver.

Totens e belas artes.

Totens e belas artes.

Pensei que seria bacana o Brasil ter um museu desse tipo, não sei se temos. Tirei um montão de fotos do MOA, mas até então eu tinha uma Sony Cybershot super velha e só caberiam 100 fotos. Como na época eu não tinha notebook pra ir baixando as fotos, o jeito seria comprar uma câmera nova, porque obviamente em 30 dias eu jamais tiraria apenas 100 fotos.

– Ficaram curiosas pra saber quantas fotos eu tirei ao final dessa jornada?

– Mais de 1.000!!! E até hoje não me canso de olhar cada uma delas.

The Raven and the First Men. Lindo.

The Raven and the First Men. Lindo.

Continua…

PS: se não entender muito bem esse post, comece lendo pelo dia 29/01 “Realizando um Sonho” e vem comigo pelos próximos dias.

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4 respostas para Coisas do Canadá

  1. Luci disse:

    Olá Tati, porque vc não escreve um livro?

  2. Ana disse:

    Eu visitei o MOA no ano passado pela primeira vez e adorei também. Pena que no Brasil eles não dão tanto valor pros índios, né?

    • Exatamente, aqui no BR a cultura própria não é valorizada.
      Eu adoraria que tivéssemos um lugar único para conhecer nossa própria história dessa maneira, através dos primeiros habitantes.
      E vc estuda lá pertinho né? Dá pra acompanhar as mostras.

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